As falsas memórias e os abusos sexuais
Olá, neurorrendidos,
Hoje falamos de um assunto bastante sério e cada vez mais recorrente nos nossos dias:os abusos sexuais, associados, é claro,às falsas memórias.
Industrias completas fizeram uso da histeria que inevitavelmente acompanha acusações de abusos sexuais de crianças. Hiperzelosos acusadores contrataram hiperzelosos terapeutas para documentarem os abusos. Terapeutas que normalmente trabalham com crianças que sofreram abusos foram contratados para descobrir se crianças tinham sido abusadas. Parece interessar pouco aos acusadores que o terapeuta possa assumir que a criança sofreu abusos. Mas demasiadas vezes o terapeuta ou o acusador sugere o abuso à criança e esta não só começa a "recordar" como começa a fantasiar para agradar ao interrogador.
A criança pode não acreditar que nenhum dos acontecimentos que narra tenha acontecido, mas voluntariamente testemunha as mais horriveis cenas envolvendo pais, avós, professores, amigos e mesmo estranhos. Se ela começa a acreditar que sofreu realmente os acontecimentos testemunhados mas implantados na sua mente pelas sugestões do terapeuta ou do acusador, então ela possui uma falsa memória. Nenhuma pessoa pode condenar um pai ou um professor com base em tal testemunho.
Não foram só os terapeutas que trabalham com crianças que teem sido acusados de plantar falsas memórias de abusos. Tambem os que trabalham com adultos. Terapeutas que usam hipnoterapia para encorajarem os seus pacientes a "recordar" a infância (ou as vidas passadas) são especialmente vulneráveis à acusação de sugerirem falsas memórias nos seus clientes.
Desde Março de 1992, a False Memory Syndrome (FMS) Foundation em Philadelphia reuniu mais de 2.700 casos de pais que relataram falsas acusações como resultado de "memórias" recuperadas em terapia.6 A FMSF afirma que estes casos incluem cerca de 400 familias que foram acusadas ou ameaçadas de acusação de abuso infantil.7 Vitimas da acusação falsa pelos seus filhos ou outros de terem abusado sexualmente deles muitos anos antes estão a ripostar.
Laura Pasley, que trabalha para a policia de Dallas, foi a um terapeuta em 1985 tratar-se de bulimia. Agora está a processar o terapeuta que a persuadiu que ela sofreu abusos sexuais na infância. O terapeuta disse-lhe que ela tinha sido abusada e, quando ela se recusou a acreditar, disse-lhe que ela realmente não se queria curar. Ela queria ficar bem "mais do que outra coisa" e continuou com o terapeuta. Acabou por "baralhar completamente toda a terapia" afirma ela. " A história dela corre actualmente os tribunais americanos.
Os perigos deste mito da memória são visiveis: não só as memórias falsas são tratadas como reais, mas as memóris reais de abusos reais podem ser tratadas como falsas memórias, fornecendo assim uma defesa credível a criminosos autênticos. No fim, ninguem beneficia ao encorajar uma crença na memória que é falsa. Qualquer que seja a teoria sobre a memória que se defenda, se não permite examinar provas e tentar de um modo independente verificar afirmações de abusos recordados, é uma teoria em risco de provocar mais mal do que bem.
Abraço,
Até Terça !
João Souto
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